terça-feira, 5 de outubro de 2010

O recado das urnas em Arcoverde

Passada a festa dos eleitos e o choro dos derrotados, ficou o recado das urnas na Capital do Sertão. O prefeito Zeca Cavalcanti - ancorado em uma super estrutura com o auxílio luxuoso de velhos caciques da microregião - conseguiu eleger o irmão Júlio com quase dezesseis mil votos só em Arcoverde. A oposição - desorganizada, jogada na fogueira das vaidades e sem qualquer estrutura - ficou, mais uma vez, comendo poeira na estrada. O grupo de Ângelo Ferreira(apesar de eleito) não conseguiu dar a votação esperada ao ex-secretário de Agricultura. O mesmo ocorreu com Zé Marcos(este não eleito). Os dois grupos - um capitaneado pelo grupo azulão do ex-prefeito Julião Julu e outro pela ex-prefeita Rosa Barros - sairam bastante arranhados da disputa. O sonho da oposição de retomar a prefeitura ficou ainda muito mais distante. Enquanto a oposição de Arcoverde insistir em fazer política com amadorismo, com as lideranças brigando entre si para ver quem brilha mais e apostando na falsidade e traição; o prefeito Zeca vai mandar e desmandar por essas bandas. Por enquanto, vai aqui os parábens ao iniciante Júlio que terá de se desdobrar para cumprir com objetividade sem mandato na Assembléia Legislativa. Aguardem: na próxima conto os bastidores e as sujeiras da campanha eleitoral em Arcoverde.

O recado das urnas em Arcoverde

Passada a festa dos eleitos e o choro dos derrotados, ficou o recado das urnas na Capital do Sertão. O prefeito

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Feijoada regada à política

No último domingo(dia 12)estivemos na casa do Major reformado Pedro Vasconcelos e da artista plástica Maristela Cursino para a feijoada em homenagem à passagem do candidato Zé Marcos por Arcoverde. Bem animado, Zé Marcos nos falou que pretende ocupar, novamente, uma cadeira na Assembléia Legislativa para atender as reivindicações dos sertanejos, tanto da região de São José do Egito e de Arcoverde. Na reta final da campanha, Zé Marcos deverá retornar a Arcoverde para participar de caminhadas e encontros com lideranças comunitárias.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Zé Marcos na Feira do São Cristovão

No próximo domingo(12 de setembro), às 9 da manhã, Zé Marcos, que pleiteia retorno à Assembléia Legislativa, visita a Feira do São Cristóvão - um dos maiores bairros de Arcoverde. Zé Marcos, que tem muitos amigos na cidade, tem o apoio da ex-prefeita Rosa Barros, do ex-vereador Caetano Neto e do professor Darlanges Alves, além de contar com sustentação de centenas de admiradores em toda a microregrião.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Pedro Vasconcelos adere à candidatura de Zé Marcos

Ontem, em Arcoverde, durante evento com dezenas de participantes, a candidatura de Zé Marcos de Lima ganhou importante apoio. O major reformado Pedro Vasconcelos(que já comandou os batalhões de São José do Egito e Arcoverde) anunciou adesão à campanha do pajeuzense. Figura bastante respeitada em Arcoverde e região, Vasconcelos disse se sentir à vontade em apoiar Zé Marcos. "Ele é um político sério, humilde, sensível e com muitos serviços prestados ao longo da sua vida pública. Serei mais um soldado a lutar pela volta de Zé Marcos à Assembléia Legislativa", afirmou Vasconcelos.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A poucos dias da eleição.......

Dia 3 de outubro está chegando. Vamos aqui analisar, ainda que superficialmente, o cenário em Arcoverde.
* Os carros de som que veiculam a propaganda eleitoral, vêm executando jingles acima dos decibéis permitidos. Um verdadeiro abuso.

*Para quem não sabe: a propaganda eleitoral nas emissoras de rádio não é nada "gratuita". 80 por cento são pagos pelo contribuinte e 20 por cento pelos veículos de comunicação. O custo se traduz em isenção fiscal. Só de imposto de renda, o desconto às emissoras é de 850 milhões de reais. Essa deu em um jornal da Capital.

*Você sabia que um diretor de uma FM de Arcoverde(de colaração partidária bem definida e "interessante"), é mestre em humilhar funcionários? Realmente uma atitude desumana e rídicula. O cara já ganhou o trófeu "Limão" por ser uma das pessoas mais chatas e arrogantes da cidade.

*Quem estará amanhã(dia 22) em Arcoverde é o ex-deputado Zé Marcos. O pajeuzense, que quer voltar à Assembléia Legislativa, participa de almoço - ao lado de Inocêncio Oliveira - no Sítio Pica-Pau. Diversas lideranças políticas da micro-região de Arcoverde já confirmaram presença.

*A revista Época circula com matéria de capa em que desvenda o passado de Dilma Rousseff durante a ditadura militar. Segundo a matéria, embasada em arquivos do extinto Dops, Dilma(condinome "Estela") participou de um grupo chamado Colina no Rio Grande do Sul. O dossiê é tão pesado que não me atrevo a reproduzir o que a revista publicou. Até agora, no guia eleitoral do PT, não há uma só vírgula mais explícita que aprofunde a atuação de Dilma no período. Falam apenas que ela foi presa, sem sequer ventilar quais foram às acusações que levaram a candidata aos porões da ditadura.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Zé Marcos coloca o bloco na rua

Animado com centenas de apoios, vindos de Arcoverde e de toda a micro-região, Zé Marcos resolveu colocar o bloco na rua por essas bandas. Por aqui, a base de sustentação é dada pela ex-prefeita Rosa Barros, pelo ex-vereador Caetano Neto, pelo professor Darlanges Alves, pelo empresário Moacyr Rocha e por dezenas de lideranças comunitárias. Zé Marcos tenta voltar à Assembléia Legislativa e faz dobradinha com Inocência Oliveira(candidato à deputado federal). A coordenação de campanha de Zé Marcos tem agendado vários encontros para os próximos quinze dias em Arcoverde.

Jarbas realizou reunião para elaborar propostas regionalizadas

Essa foi manchete em vários jornais - A equipe do senador Jarbas Vasconcelos voltou a se encontrar, na manhã de ontem(segunda-feira), com Xico Graziano, um dos coordeandores de José Serra. Jarbas participou do encontro antes de embarcar para Brasília. Graziano vem percorrendo os Estados no intuito de colher dados para o programa de Serra. Os tucanos querem esboçar um documento com propostas "regionalizadas" para inserir num documento mais abrangente de cunho nacional. Na ocasião, o sociólogo José Arlindo Soares expôs as propostas de governo da coligação "Pernambuco Pode Mais". O objetivo seria reduzir as desigualdades regionais e sociais e completar a infraestrutura para o desenvolvimento. Segundo José Arlindo, "esse é o primeiro bloco de propostas; os outros blocos serão divulgados aos poucos, possivelmente a partir do dia 23 de agosto".

No documento estão elencados investimentos prioritários como a educação de qualidade e ensino técnico; a duplicação da BR-232(no trecho entre São Caetano e Arcoverde com 100 quilômetros extensão); a duplicação da BR-423( no trecho entre São Caetano e Garanhuns com 75 quilômetros de extensão); construção de um anel viário metropolitano, como uma alternativa para a BR-101 entre Igarassu e Ipojuca/Suape e ainda a construção do Ramal Agreste(com o propósito de levar água a partir do eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco para o Agreste).

terça-feira, 20 de julho de 2010

Com Skank em Garanhuns

Estive na cidade das flores para mais uma edição do Festival de Inverno. Pude conferir o showzaço do Skank, além das boas surpresas das bandas Dona Zefinha(muito escracho e inteligência) e a Móveis Coloniais de Acajú(tão boa que não se enquadra em nenhum rótulo musical). Fiquei bastante impressionado com a Móveis, achava que o rock tupiniquim já tinha dado de tudo. Mas os caras são muito bons. Agora vou me tornar fã e checar alguns CDs da banda. Aproveitando - aqui vai um abraço à Cláudia e a filha dela Nayara com quem conversei, na Praça Guadalajara, sobre muitos assuntos como música, cinema, responsabilidade na adolescência e violência urbana. Valeu Garanhuns!!!!!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ideologia - eu quero uma prá viver

Julho chegou e com ele está aberta, de vez, a temporada de caça ao voto. Arcoverde não foge à regra e monta seu cenário depois de desmanchar as "casinhas de barro" do forró dos Sertões. Por aqui destaca-se José Marcos que pretende voltar à Assembléia. Político de larga visão e atuação, principalmente na microregião do Pajeú, Zé Marcos também tem muitas obras "de pedra e cal" em Arcoverde, sendo inclusive também "filho da terra", visto que tem o certificado de filho de Arcoverde - título que foi encaminhado pelo então vereador Caetano Neto. A favor de Zé Marcos conta seu modo franco e aberto de fazer política por esse mundo de meu Deus. Zé Marcos sabe cultivar amizades e tem o hábito de não prometer o que não pode cumprir. Entre os amigos de Zé Marcos destacam-se a ex-prefeita e ex-deputada Rosa Barros, o empresário Moacir Rocha e o professor Darlanges Alves. O pontapé inicial na pré-campanha de Zé Marcos aconteceu no Democrático Esporte Club num dia de festa do São João, quando mais de 600 pessoas foram ouvir as palavras de Zé Marcos. Como não poderia deixar de ser, fui cobrir o evento e saí de lá com uma boa impressão.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

SÃO JOÃO À MEIA BOCA

Terminada as festas juninas em Arcoverde, em termos de animação e novidades, o evento deixou a desejar. Certamente, com as chuvas, menos turistas vieram ver o São João dos Sertões 2010 na cidade. Os melhores shows foram Fagner, Gilberto Gil, Clã Brasil, Fim de Feira e Santana. As decepções foram as apresentações mornas de Zé Ramalho e Elba Ramalho. A paraibana inclusive se apresentou com um figurino pobre, iluminação precária e nenhum painel de led no palco. Outro ponto falho foi a diminuição da programação do pólo do Cruzeiro, deixando muitos turistas na mão em um fim de semana. Muitos subiram o morro e chegando lá não tinha nada para curtir. De bom mesmo foi a tranquilidade da festa - onde pude rever conhecidos e amigos como o promotor André Rabelo e Antônio Quinto.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

ENQUANTO O SÃO JOÃO NÃO VEM....

Preparando o fígado e o físico, enquanto o São João não vem vamos nos deliciando na Bodega da Poesia(no São Cristovão, em Arcoverde) com cantoria, forró e safadeza das boas(é claro). Este ano teremos o "Forró dos Sertões" - uma síntese bolada pelo secretário de Turismo, Albérico Pacheco, reunindo os temas já apresentados durante a gestão do prefeito Zeca Cavalcanti trazendo ainda ítens que lembram os folguedos da Bahia, Sergipe, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraiba. O que, de cara, deduz-se que o artista plástico Suedson Neiva terá bastante trabalho na confecção de adereços originais. Suedson já me adiantou que a igrejinha da Vila Olho D'Água(na Praça Virgínia Guerra) será edificada naquele espaço onde o pessoal da terceira idade gosta de ficar jogando dominó. Com vários parceiros privados e órgãos estaduais e federais, a festa já é praticamente auto-sustentável. Além do palco central, na Praça da Bandeira, serão dez pólos de animação espalhados pela cidade. Quem abre a festa(dia 17 de junho) é Elba Ramalho. Nesse mesmo dia, se apresentam Banda Clã Brasil e Orquestra Sertão. No dia 18, sobem ao palco Gilberto Gil, Arnaldo Farias e Gatinha Manhosa. No dia 19 a animação fica por conta de Zé Ramalho, Nando Cordel e Sabor de Café. Dia 20 se apresentam Mazinho de Arcoverde, Desejo de Menina e Banda Magníficos. No dia 21 sobem ao palco Arrocha Morena, Banda Pinga Fogo e Cavaleiros do Forró. No dia 22 é a vez da Banda Oásis, Wagner Carvalho e Forró dos Plays. No dia 23 a grande atração é Fagner. Nesse mesmo dia se apresentam ainda Coco Raízes de Arcoverde, Fim de Feira e Vilões do Forró. No dia 24 cantam Geraldinho Lins, Paulinho Leite, Mayara & Banda 737. No dia 25 será a vez de Capim Cubano e Petrúcio Amorim. Dia 26 sobem ao palco Geraldo Azevedo e Maciel Melo. No penúltimo dia de festa se apresentam Eliane, Falamansa e Garota Safada. Quem encerrará o São João 2010 em Arcoverde será Santana, Edu & Maraial e Saia Rodada. Esperamos mais um São João tranquilo, sem aquele estress tão comum em cidades que brigam para ser "o maior São João do mundo". Aqui, em Arcoverde, vamos comendo "pelas beiradas" deixando o turista enbasbacado com tanta beleza, segurança, poesia e diversidade cultural. Palmas para o comitê gestor da festa e, é claro, também, para o incansável secretário Albérico Pacheco.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

SOU MAIS EU!!!!!

São João vai chegando e eu - por questões circunstanciais e éticas - estou agora mais livre e menos "escravizado". Não há em mim aquele peso nos ombros, aquele olhar carrancudo e de difícil decifrar para aqueles que não me conhecem a fundo. Ao contrário de muitas pessoas arrogantes e autoritárias, tenho muitos amigos(de peito, de copo, de alma e de cruz). Ao contrário de muitas pessoas dissimuladas e desprovidas de humildade, tenho quem me abrace por amor e não por motivos inconfessáveis e interesseiros. Entro e saio de lugares na cidade sem que ninguém me vire a cara ou comente algo inexistente na minha digna biografia. Repito: tenho amigos. Quando eu morrer, certamente, vai ter mais do que quatro pessoas para pegar nas alças do meu caixão. Os que semearam a inveja, a discódia, a mentira, a falsidade e a decompustura durante a vida vão ter dificuldades em arranjar quatro almas penadas para levar seu caixão ao jazigo. Tenho pena de quem, do alto da mesquinhez, se acha o "dono do mundo", apesar da vida já ter lhe passado tantas "rasteiras". Grito que "sou mais eu". Por fim repito Cazuza: "vamos pedir piedade, Senhor piedade prá essa gente careta e covarde". Eles são apenas insetos inofensivos em volta da lâmpada que ilumina a dissimulação e a falta de escrúpulo !!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Uma cidade chamada Triunfo

Depois de muitos anos(estive lá nos anos 80), pude rever a bela Triunfo. Cidade de casarõres preservados, com becos e vielas charmosas que lembram um pouco a velha Olinda. Almoçamos em uma pousada ao lado do teleférico do Sesc. Esquecí a dieta e consumí, sem remorso, uma lazanha acompanhada de pedaços de galinha. Gostei do que ví: o casario está bem preservado e uma reforma(ao lado do lago) vai deixar ainda mais bonito principal cartão-postal da cidade. O que destoa do cenário são as novas construções, no entorno do Cine-Theatro Guarani, que enfeiam um pouco o local. Mas aí é pedir demais para o progresso não avançar. Acho que nem a prefeitura pode fazer algo quanto ao problema. Coisa similar aconteceu com a rua da Aurora no Recife. Antigos mandatários poderiam não ter permitido a construções de arranha-céus, pelo menos ao lado e por trás do casario. Mas, apesar dos males do progresso, Triunfo continua bela e misteriosa. Deverei voltar durante o circuito do Frio(em julho).

Viagem à Vila Bela

Em trinta dias de férias estive, apenas, em Serra Talhada(terra da companheira de todas as horas - a cheff Luciana Santos) e Triunfo. Muitos imprevistos impediram minha ida ao Recife, onde iria rever antigos companheiros das redações. Na antiga Vila Bela pude, finalmente, visitar como calma o museu da cidade que naturalmente é basicamente voltado para a exposição de objetos e fotos de Virgulino Ferreira - o Lampião e seu bando. O museu funciona numa ampla casa, próximo à Matriz de Nossa Senhora da Penha - padroeira de Serra Talhada, que num passado glorioso abrigava um cartório. No momento em que estava embrenhado nas estórias de cangaço, me deparei com turistas do Rio Grande do Norte, Bahia, Alagoas e outros Estados. Fora isso, andei pelas ruas do centro da cidade e pude ver que algumas artérias estão esburacadas e abandonadas - caso da Afrânio Godoy, onde um lado da pista possui um desnível de quase 10 centímetros. Em alguns bairros, como o São Cristovão, muitas ruas estão no chão batido. Outro ponto de negativo: pegar ônibus urbano em Serra Talhada é artigo de luxo. Existe um coletivo por bairro e as pessoas passam mais de uma hora esperando um ônibus. Por tabela, o número de moto-taxistas na cidade já passa dos mil. É impressionante como uma cidade com tantos políticos importantes no cenário regional esteja tão abandonada. Será necessário, talvez, aparecer outro Lampião para vingar a honra dos sertanejos esquecidos pelos políticos que só pensam em eleição.

terça-feira, 2 de março de 2010

VIVA ZAPATA!!

Caetano Veloso tem uma música que diz: "mamãe eu quero ir a Cuba, quero ver a vida lá". Engraçado, a ilha de Fidel sempre me atraiu pelo romantismo da Revolução. Achei arretado quando Fidel, Che Guevara e companhia botaram para correr Fulgêncio Batista, que era um lacaio dos Estados Unidos. Mas isso é só história e a história não absolverá Fidel Castro. As intenções do advogado barbudo têm lá seu lado positivo: o comunismo era um sopro de liberdade numa ilha cheia de corrupção e prostituição. Mas pouca gente sabe, mas desde do começo - Fidel foi um tirano. Nos meses que se seguiram à entrada dos revoltosos em Havana, muitos dos que pensavem diferente de Fidel foram simplesmente executados. Fidel comparecia pessoalmente aos julgamentos coletivos que eram feitos num ginásio de esportes. Che Guevara, por exemplo, tanto fez pela Revolução, mas Fidel invejava o carisma superior do comandante argentino. Por isso ofereceu à Guevara a chefia do Banco Nacional de Cuba(uma espécie de Banco Central)para que o guerrilheiro ficasse atrás de um birô. Depois jogou Guevara na pasta da Agricultura. Mas Guevara pouco entendia de dinheiro e de agricultura. Quando Guevara disse a Fidel que iria para a Bolívia continuar a Revolução, o cubano adorou. Fidel sabia que, sem apoio dele ou da Rússia, Guevara nunca mais voltaria à Cuba. As moiçolas de Havana não mais suspirariam por aquele homem de olhos enigmáticos. Os garotos de Havana não mais se espelhariam no modelo libertário de Guevara. Era tudo que o invejoso Fidel queria. Guevara combateu no Congo e deu tudo errado. Depois chegou na Bolívia e tentou implantar a guerrilha na selva, mas foi traído pelo partido comunista daquele país e entregue covardemente à agentes da CIA, infiltrados em solo boliviano. Fidel bem que podia ter enviado à Bolívia um comando para salvar Che, mas não o fez. Fidel praticamente deixou Guevara morrer à míngua. Muita gente não aceita essa teoria. Tudo bem, mas há quem garanta que se Fidel movesse uma palha que fosse teria salvo Guevara. Bem o tempo passou. Agora morre, em virtude de uma greve de fome, o pedreiro e dissidente Orlando Zapata Tamayo. No mesmo dia, o presidente Lula visita Fidel e tira foto ao lado do presidente Raul Castro - o irmãozinho querido de Fidel. O pior: Lula não diz uma só palavra quanto ao desrespeito dois direitos humanos em Cuba. Fidel, por sua vez, decrépito e senil, diz que nunca torturou, nem nunca mandou matar um só opositor. Acredite se quiser. Certo filósofo disse que "o tempo é o senhor da razão". Nesse caso é mesmo: Guevara vive nos corações de centenas de jovens pelo mundo, enquanto Fidel já morreu e esqueceram de enterrar. Em tempo: os sites dizem que existem 200 presos políticos em Cuba, mas associações de dissidentes garantem que nos porões dos presídios muito mais gente sofre e pode até morrer sem que um jornal, tv ou emissora veicule qualquer notícia. Viva Zapata!!!!!!!

segunda-feira, 1 de março de 2010

CORDEL NA TIRA

Semana passada a mídia veiculou, com certo estardalhaço, o fim do Cordel do Fogo Encantado, a banda de Arcoverde que tanto encantou turistas adeptos das diabrites de Lirinha no palco. Cá com meus botões, penso que o Cordel tinha lá suas aptidões - mas nunca entendí porque o Cordel era tão bom de palco e não muito bom no estúdio. A fórmula sem rótulos - com muita percussão, pontos de umbanda e referências aos mestres da poesia matuta - agregou muitos admiradores. Mas sempre achei que faltava algo de novo, algo que incomodasse, algo que saísse do prolixo do líder Lirinha. Certa vez, numa entrevista em uma revista do Sudeste, Lirinha disse(em outras palavras)não entender porque o universo de canções de Luiz Gonzaga insistia tanto num cenário caótico e pobre do Sertão. Eu não lí toda entrevista, só que a crítica caiu de pau em Lirinha. Seria sensato Lirinha sacar que nos anos 40 e 50, o Nordeste só tinha mesmo pau de arara, carro-de-boi e muita seca. Então Gonzagão, mesmo atrelhado aos coronéis da antiga Arena, tinha mais é que falar no que estava vendo. Já tinha visto o Cordel, aqui em Arcoverde, antes do grupo estourar. Depois ví, no Recbeat do Recife Antigo durante o carnaval, não me lembro que ano - sei que faz tempo. Um senhor de Brasília, ao meu lado perguntou: "quem são esses caras?". Eu, todo orgulhoso, respondí: "Eles são lá da minha terra - Arcoverde". Realmente, naquela noite, Lirinha e Clayton estavam por demais inspirados. Começou, talvez alí, a lenda do "chover, chover" - anos depois toda vez que Lirinha dizia o refão, aqui acolá, caia um pé d'água. Depois ví o Cordel em muitas festas juninas em Arcoverde, com dezenas de caravana de fãs enloquecidos cantando de "có e salteado" as músicas do grupo. Mas teve mais de um São João que eu pude ver turistas indo embora da Praça da Bandeira porque queriam ouvir forró na noite de São João e os caras estavam cantando um batuque hermético que não se sabe dizer se era rock de garagem ou toques de afoxé. Talvez a ousadia sonora do Cordel não chegou tanto quanto ao patamar de um Chico Science. Talvez muita gente, como eu, não entendeu direito a mensagem profética de Lirinha. Enfim, o blogdomuriê está aberto para quem quiser explicar o quase inexplicável - o som de um candieiro que apagou, por falta de querosene ou de um bom senso sonoro(como se esse ítem fosse possível).

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

ACORDES DIFERENTES NA SUIÇA BRASILEIRA

Se o Carnaval é a festa da descontração e da loucura, como alguém pode querer se divertir estando, digamos, "exilado". Então como não pude curtir como queria, a saída mais plausível, viável e de bom gosto foi optar pelo Festival de Jazz de Garanhuns. Estivemos lá com Gaudêncio Vilela, Herbert Leal e Ragnar Leal nos deliciando com música de qualidade. Garanhuns continua linda, mas o friozinho, ainda, não é aquele de julho e agosto. No sábado conferimos o vozeirão de Karl Dixon(dos EUA)e Léo Gandelman(RJ). Este ano os organizadores montaram dois ambientes abertos, ao ar livre, na Praça Guadalajara, decorados com antúlios e flores naturais de encher os olhos. Vários restaurantes instalaram "sucursais" em volta das mesas e o menu estava ótimo. Tábuas de frios, chocolate e vinho de qualidade fizeram toda a diferença. Gostei muito da perfomance de Karl Dixon: ele cantou clássicos como "What a Wonderful World"(famosa na voz de Louis Armstrong)e "Georgia on My Mind"(de Ray Charles) e mostrou boa desenvoltura no palco. Mas quem roubou a cena foi a Blues Mascavo, de Maceió, que botou para ferver e agitou os roqueiros que não sabem que o rock não é filho bastardo do blues. Formada por Wagner Sampaio(guitarra e voz), Peter Beresford(guitarra e voz), Alessandro Aru(baixo) e Adriano Lima(bateria) - a banda incendiou a Praça Guadalajara. A Blues Mascavo é tão boa que Gaudêncio Vilela quer trazê-la de todo jeito para Arcoverde. Na verdade, a banda é tão espetacular que é melhor nem elogiar - só ouvindo mesmo. Depois de tudo, eles foram dar uma canja no Bar do Massilon(point dos descolados de Garanhuns). Fomos todos para lá e encontramos "Os Valvulados" fazendo um som excelente cantando "Jorge Maravilha"("você não gosta de mim, mas sua filha gosta"), conhecida na voz de Jorge Ben Jor, mas que na verdade é autoria de Leonel Paiva e Juninho de Adelaide(este último pseudônimo de Chico Buarque nos tempos da Ditadura). Pena que o espaço de Massilon é pequeno. De lá fomos para o Escritório, que na verdade é um restaurante(perto do Parque Euclides Dourado), já todo decorado para a Copa do Mundo. Quando pensei que já tinha visto tudo me deparo com os caras da The Bluz(de Caruaru). E não é que a terra de Vitalino tem vida intelingente. A Bluz é supercompetente e inspiradora. Formada por Jonathan Richard(guitarra e voz), Rogaciano Paz(baixo), Thássio(bateria) e Paulo Jr. - eles não deixaram a peteca cair. Gaudêncio foi logo reverenciado pelo band-leader e o cansaço da noite, simplesmente, sumiu. Perdí a conta de quantos clássicos do blues a Bluz tocou. À essa altura, abdiquei o uísque e peguei uma água com gás. Antes de irmos embora, apareceu por lá Tico Santa Cruz(do Detonautas) e o "papa" do blues tupiniquim Celso Blues Boy. Aí o bicho pegou mesmo - com todos no palco desfiando músicas e mais músicas para deleite dos nossos ouvidos. De uma coisa eu sei: preciso urgentemente dos discos da Blues Mascavo e da The Bluz. Foi uma noite maravilhosa, dessa que a gente não esquece. Até porque música boa não tem nacionalidade. Como diz meu amigo Farias, se a música fala ao coração e ao espírito - então ela já valeu a pena, sendo ianque ou sertaneja de raiz. Por fim, vamos, de novo, pedir "piedade para essa gente careta e covarde" que não sabe o valor de uma flor de plástico. Afinal, elas não morrem jamais......

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

ENTRE OS BOIS E O LIRISMO

Mais uma vez, por força, digamos, de "questões operacionais", não brincarei o Carnaval como queria. Fico "p" da vida quando escuto aqueles frevos antigos ou vejo imagens do Recife Antigo e não posso fazer nada. A sensação de impotência é muito grande para quem ama o Carnaval como eu amo. Lembro que, por várias vezes, passei o Carnaval em Tamandaré, a convite do amigo Joaquim Santos - o Joaca(gente da boa cepa dos Inocêncios de Ibimirim). Só que eu nasci em Poço da Cruz. Infelizmente nunca mais ví Joaca. Lembro que adorava ficar em algumas piscinas naturais, sem pressa de voltar para casa para almoçar. Dava um chochilo e no meio da tarde começávamos uma "meio-rave" com muito rock e frevo de bloco. Até que eu esquecia, por um tempo, a febre do Carnaval. Mas quando ligava a TV e via flashs da Praça do Arsenal, do Timbu Coroado e do Galo ficava me perguntando o que eu estava fazendo em Tamandaré. Num misto de remorso e raiva, restava engolir os desfiles da Sapucaí pela Globo. Pádua(irmão de Joaquim) morria de rir e incentivava que eu desligasse a TV para batermos pernas pela pracinha de Tamandaré. Na verdade, nem os anfitriões(a quem até hoje agradeço a hospitalidade e que se talvez possa ter parecido que exagerei no comportamento - paciência - de mim ou se gosta de vez ou se odeia para sempre), nem Tamandaré têm culpa alguma. Até porque, o que vai fazer um folião convicto num local que tem carnaval mais que não é aquele "carnaval de verdade"? Feito este adendo, este ano farei parte do jurado, no domingo, aqui em Arcoverde, do Carnaval Folia dos Bois, a convite do secretário de Turismo, Albérico Pacheco. Confesso que torço que essa modalidade de entretenimento carnavaleesco "cole" de vez, tanto nos corações dos arcoverdenses, quanto nos espaços da mídia regional(coisa que já está acontecendo). Em tempo: sábado vou a Pesqueira ver o lirismo dos blocos, mas ainda estou na dúvida porque posso também optar em curtir o Festival de Jazz de Garanhuns(será?). O Carnaval que me aguarde: um dia em volto para gandaia de vez. Com direito a só voltar depois da "Quarta Feira Ingrata". Aos que vão brincar, que brinquem como gente grande e com responsabilidade. Feliz momo à todos!!!!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

NA BURRA DE NOVO

Estivemos, mais uma vez, conferindo o "Bloco da Burra", do Madeira de Lei, na rua dos Mascates(em Arcoverde). Na oitava edição, a "Burra" está revigorada, irreverente(apesar do apoio oficial de alguns órgãos). Dessa vez o homenageado foi o saudoso Chico Pereira - o Chico do Foto. Benjamim disse que nunca esqueceu a bondade e o sorriso de Chico. O boneco gigante de Chico passou entre os foliões logo depois das apresentações de Tenório e Noé Lira. Também me lembro de Chico - tomamos uns e outras algumas vezes com Elísio(o Mago) e ele sempre tinha uma boa história para contar. Este ano a festa estava mais organizada com menos mesas; a compra de bebidas era feita através de tickets e barracas tinham iguarias como vatapá e acarajé com direito à camarão. Depois que a "Burra" saiu pelas ruas do São Geraldo e da Boa Vista, uma orquestra de frevo colocou todo mundo para frevar. Ninguém nem se lembrava daqueles hits chatos de Ivete Sangalo e Cláudinha Leite. Aliás, por ser uma ilha de execlência da boa música(incluindo MPB, rock e reggae) é que o Madeira de Lei ainda é um dos bares mais visitados por turistas, jornalistas, arquitetos, artistas plásticos, atores e operários da cultura em geral. Eu mesmo, nos tempos de solteiro(e de rebeldia tardia), cansei de "fechar" o Madeira depois das 4 da madruga. Lula, o garçom-mor, diz que Benjamin não pensa só no lucro. "Já chegou gente aqui com o som do carro na maior altura tocando aquelas duplas sertanejas horrorosas, nós atendemos todos muito bem, mas explicamos que o Madeira de Lei não pode permitir esse gênero justamente aqui, se assim fizéssemos estaríamos afungentado a grande maioria dos clientes que vêm aqui apenas para curtir música de qualidade e jogar conversa fora", explica Lula. A postura é plenamente compreensível porque nos bares da vida de Arcoverde o que mais têm é DVD de qualidade técnica sofrível e muito barulho por nada. Os donos desses bares deviam entender que as pessoas quando saem de casa é para desopilar e desenfastiar e não ficar de olhos grudados na TV. Assim como o bar de Valmilson(também no São Geraldo e que tem uma coleção de LPs de fazer inveja), Benjamim só quer que as pessoas beberiquem sua cervejinha em paz. Que as moças lindas tomem seu caldinho de feijão numa boa. Se quiserem zuada, que vão atrás do trio elétrico ou sejam mais um no bloco dos iguais. Nós que detestamos o óbvio ululante preferimos a simplicidade do momento. Valeu Bejamin, para o ano estaremos lá, de novo, puxando o rabo da "Burra".

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

AO SOM DOS CLARINS DE MOMO

Com toda a certeza o Carnaval, mesmo com todas as mudanças sofridas na trajetória do tempo, é a festa que mais gosto. Sempre admirei a libertinagem gostosa dos dias de Momo. Beber, nem tanto como antes. Mas só acordar com ressaca para tomar "gagau" e depois cair na folia é uma coisa impagável. Me lembro de velhos carnavais em Arcoverde: cenas como o banho na rua São Vicente(de Oliveira do Som - perto da Duarte Pacheco), blocos como o Lambaia(onde só desfilavam os "riquinhos de papai"), o Jurema(menos elitizado com figuras como Drayton Moraes e Kelson), o Depra(parece que era um diminutivo de depravados no bom sentido - esse recheado de estudantes de medicina e profissionais liberais). A turma do Depra sempre passava lá em casa para forrar o estômago, quando a maioria deles já estava completamente embriagada. Acho que eu nunca me senti inserido naqueles carnavais. Já naquela época, achava uma coisa meio retrô, algo como se as pessoas quisessem fazer algo diferente, mas que na verdade não estavam nem ao menos copiando nada. Só depois que fui para o Recife, comecei a ler sobre o frevo, e gostar daquele ritmo envolvente. O Galo da Madrugada já era grande, mas não metia medo. Eu escolhia um barzinho na rua da Concórdia, por volta das 10 da manhã, e ficava bebericando uma cerva estupidamente gelada. Depois ia com a turma curtir as ladeiras de Olinda. Voltava na madrugada do domingo já pensado na Timbu Coroado da Rosa e Silva. Depois de tomar um break-fast reforçado por Tia Júlia(que Deus a tenha, uma figura maravilhosa) partia para as bandas dos Aflitos. A diferença do Timbu Coroado é que lá a gente só se preocupa em beber e olhar as "alvirubras(diferentemente das "rubronegras") - todas lindas e educadas. Lembro de um carnaval, em Olinda, que encontrei um bar legal(na rua do Carmo, perto dos Correios). Um dos sócios era João Jardim(irmão do jornalista Flávio Jardim). O lugar parecia uma ilha de rock do bom em plena época de frevo. Depois que tomei dezenas de vodka, resolví beber San Raphael com limão. Então ví uma japonesa linda, acho que ela era nissei e fiquei louco. Pena, ou melhor(não sei), a investida não deu em nada - acho que foi porque eu estava muito alto. Aí, João chegou e disse que eu podia subir para o menzanino e tirar um cochilo. Depois de curtir de leve(já cochilando) o som de Miles Dave, BB King, Rolling Stones e bandas de garagem de Olinda, peguei no sono. Quando acordei a barra estava clareando. Agradeci a João e fui pegar um bus próximo ao Varadouro. Uma vez brincamos no Timbu com Toinho de Banana Crua(pai de Wagner Gomes da Rádio Jornal), Mário Henrique, Manoel Veríssimo e muitos outros arcoverdenses. Chovia muito, e nós meio que embriagados, esbaldávamos em frevos históricos de Capiba. Posso passar em branco várias festas tradicionais do ano, mas o Carnaval não consigo passar imune porque me bate um misto de saudade e vontade de voltar a brincar. Esse ano, de novo trabalhando, não estarei brincando como queria(sem hora para parar ou para voltar). Mas um dia volto a brincar um Carnaval inteiro - de uma prévia de sexta até um bacalhau qualquer zanzando na quarta-feira de cinzas desvairada. Afinal, meu coração de folião merece!!!!!!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

SAUDADE - TORRENTE DE PAIXÃO, EMOÇÃO DIFERENTE

Recentemente, recebí a visita do primo José Élio - um economista porreta que mora em Salvador. Foi um papo rápido sobre a Boa Terra, relembranças de parte dos anos 70 que passamos zanzando pelo Pelourinho, Farol da Barra, Itapoã e Arambepe(território dos hippies visitado por Janis Joplin). Saudades do chopp bem tirado, sentindo o mar aos meus pés. Saudade da mulher baiana(o que será que a baiana tem? - perguntava Dorival Caymmi). Eu era mas ligado ao irmão dele - Ridevaldo, mais conhecido por Ridha - um poeta meio louco à la Jack Kerouack. Ele morreu no ano passado e infelizmente fiquei com aquele gosto que poderia ter sido mais presente na vida daquela figura. Mas me mudei para a Recife Desvairada e nada nunca mais foi igual. Ridha admirava os novos baianos(Caetano Veloso, Gil, Tomzé, Moraes Moreira, Galvão, Pepeu Gomes e maluca da Baby Consuelo), mas também não rezava de pé junto na cartilha do Tropicalismo porque ele achava que aquela pose de intelectual de Caetano era puro marketing. Quando Ridha se abusava da rima pobre do Tropicalismo, mandava eu ler Fernando Pessoa, Drummond, Neruda, Mário Quintana, Nelson Rodrigues, Oduvaldo Viana, Clarice Lispector e Torquato Neto, entre outros. Certa vez Ridha disse que era melhor os caras do Tropicalismo botar uma melancia na cabeça para aparecerem de forma mais plausível e real. Eu morria de rir e dizia que Caetano não precisava de mais nada para se parecer com Carmem Miranda e seus balagandãs. Sempre achei(e acho) Caetano uma das cabeças pensantes mais abertas do Brasil. Fico pensando o que Ridha acharia daquela frase que Caetano disse sobre o presidente Lula. Acho que o dito analfabetismo de Lula não é vergonhoso, porque não é um analfabetismo carente de letras, acentos ou vírgulas. O analfabetismo do nosso "sindicalista-mor" foge à nossa compreensão. Penso que foi isso que Caetano quis dizer. Não foi nada pessoal. Foi mais uma coisa contra essa pretensa vontade de Lula querer ser um estadista acima de Juscelino Kubistchek. Foi um alerta para mostrar que ninguém, nem mesmo quem saiu de pau de arara de Caetés para anos depois ser presidente de "uma potência antes de tudo sempre emergente", está acima do que chamamos de bom senso. Logo que lí a entrevista de Caetano na Folha de São Paulo me lembrei de Ridha. Percebí, alí,o quanto Ridha foi importante no meu arcabouço intelectual, na inserção cultural de várias épocas distintas, na comprensão da arte pela arte, na negação do pedantismo dos que querem ser "sabichões" e sabem tão pouco da vida como ela é. Ridha foi embora, mas toda vez que escrevo um texto, sobre qualquer bobagem que seja, vejo ele rindo e zombando dos arautos de plantão. Se Ridha sempre aparece em meus textos é porque ele está vivo em mim e nas nuances obscuras da vida que a gente teima em querer explicar. Este é réquiem atrasado, mas eu tinha que fazê-lo. Por Ridha e por todos que ainda acreditam num melhor e sem tantos babacas que vegetam "como insetos em volta da lâmpada".

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A TRAGÉDIA DELES E A NOSSA

No rastro do impacto da mega-tragédia do Haiti, a mídia continua bombardeando os expectadores e internautas com centenas de matérias sobre o terremoto naquele país caribenho. Realmente, é de cortar o coração tanta tristeza e tantas mortes. Mas se tem a leve impressão de se querer passar, nas grades do vídeo, a mensagem de que "somos menos lascados que os haitianos". Parecem querer dizer: "olha, eles vivem rodeados de porcos e ratos", "eles sequer têm governo", "eles são muito pobrezinhos", "eles até praticam vodu". Talvez o Haiti não seja mesmo aqui(parodiando Caetano Veloso), mas o Brasil tem tantas mazelas quanto o povo haitiano.
Dizem, por aí, que somos uma potência emergente. Mas continuamos tendo "bolsões" de pobreza nas maiores cidades, a corrupção campeia solta no meio político, aqui também se vive ao lado de ratos e porcos basta passear perto do Palácio do Planalto para ver como vivem os favelados de lá. Bom, pelo menos temos um governo. Sim, temos um governo com feições sindicalista e assistencialista. Sim, temos um governo que pouco liga para a devastação da Amazônia. Sim temos um governo que parece governar mais para os holofotes do que para o povo. Sim temos um governo que está contando com o "ovo da galinha" antes dela pôr - vejam o caso do pré-sal. Especialistas dizem que vai durar anos e anos para que se possa pensar em algum lucro com esse bendito pré-sal. Sim, temos um governo que não consegue minimizar a violência tanto nas grandes cidades quanto nos municípios de médio porte. Sim, temos um governo que não sabe cuidar de sua juventude que já está nas garras do crack e que parece não ter chance de nehhuma volta. Posso até ter esquecido algum mazela. Mas vou ficar por aqui. Até por que o Brasil vive um momento em que falar mal do governo é ir contra-a-corrente. Porque no Brasil é assim: temos de rezar o Pai Nosso como manda o figurino, senão somos tachados de pessimistas. Mas o que eu não quero é ser adepto do óbvio ululante(qualquer trocadilho não é mera coincidência). Já dizia Belchior, "ao vivo é muito pior". Tenho pena dos haitianos, mas tenho muito mais pena dos brasileiros que ganham a "bagatela" de cerca de 500 reais como salário mínimo. Desses, sim, eu tenho mais pena......

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

ATENÇÃO CANGACEIRÓLOGOS!!

Enquanto as chuvas de janeiro fazem a alegria de uns e a desgraça de outros, vamos levando esses dias nas costas. Quando o carnaval passar e mais um pouquinho, Arcoverde começa a viver o clima junino. A festa, que há mais de cinco anos, ganhou status na mídia nacional, é esperada pelos moradores e centenas de turistas que aqui vêm brincar um São João diferente. Todo ano o São João daqui tem um tema. Aquele que homenageava Lampião, ou melhor a influência do personagem na estética e nas artes(e não o banditismo propriamente dito), causou polêmica nos jornais locais. Tanto que o secretário de Turismo de Arcoverde, Albérico Pacheco teve de explicar aos desavisados e de visão estreita, de que não se tratava de alardear a história de vingança de Virgulino Ferreira.
Agora, em 2010, o tema será voltado para todas as tradições e folguedos do Nordeste. Teremos alusões a Antônio Conselheiro, a Padre Cícero, a cavalhada do Interior da Bahia, ao pau de sebo, ao boi bumbá e por aí vai. Certamente a concepção artística de adereços, a cargo de Suedson Neiva, vai contemplar todos esses elementos e mais alguma surpresa de última hora. O tema, mais abrangente, talvez explique a crescente inserção gratuita que o São João de Arcoverde vem tendo na mídia eletrônica(vide TV e Internet). No ano passado, por exemplo, no dia da apresentação de Elba Ramalho(sábado), a Rede Globo exibiu um programa(cobrindo as praças do Nordeste) apresentando imagens das festas em Campina Grande, Caruaru e outras cidades. Ficou claro, pelo menos nos bastidores, que as imagens de Campina Grande e Caruaru estavam tendo pouco impacto nos espectadores. Então, o show de Elba, tendo ao fundo uma linda bandeira de Pernambuco formada por "leads", em Arcoverde, ganhou mais espaço e mais tempo na grade televisiva - com muito mais gente vendo o nosso São João.
O São João de Arcoverde, acredito, não precisa crescer e ficar "inchado" como o de Caruaru. Temos, sim, de aperfeiçoar a fórmula que vem dando certo. Por outro lado, tem se organizar o setor de gastronomia - já que alguns restaurantes simplesmente fecham as portas bem antes da madrugada chegar nos dias de shows importantes, deixando os turistas "de barriga vazia". A rede hoteleira, também, não deve inflacionar suas tarifas, até por que por aqui não temos nenhum hotel três estrelas. São pequenas coisas que precisam de ajustes. Certamente, a boa vontade de todos arcoverdenses vai fazer a diferença no São João 2010. Falta muito, mas já estamos esperando por você para mais um São João de alegria, descontração e, o mais importante, de muita tranquilidade.

sábado, 2 de janeiro de 2010

DELÍCIAS DO FINZINHO DO ANO

Passada a farra de 2010, nós comensais, temos de repor as forças para "esperar o Carnaval chegar", com diz Chico Buarque. Viramos o ano, eu e a minha cheff de gastrô Luciana, saboreando, em casa, um salpicão, aliado a um lombo honesto - regado a um vinho tinto seco nacional de menos de dez reais. Em seguida, fomos dar a "benção" a papai Zé Moraes e mãe Anajás(o casal mais unido que já ví). Depois passamos em algumas casas, onde fomos, é claro, muito bem recebidos(afinal, amigos sabemos fazer). Por lá saboreamos ainda strogonoff, carne de sol, picanha, peixe grelhado e calabreza de qualidade. A maior parte desse menu, degustamos na casa do primo Welton Ferreira e sua esposa Ivonete que sempre nos recebem nos finais de ano com um Passport levíssimo. Há dois anos, apesar de primos, estreitamos os laços de amizade. Demos uma passada por lá. Welton sempre tem uma história a contar. Ele é rubronegro, mas, incrivelmente não é chato. É ainda inteligente, sem ser pedante, e tem muito bom humor. Tive que sair antes das 3 da madruga, pois ia pegar no batente(em pleno "dia nacional da preguiça"). Depois de ouvimos muita MPB de qualidade, Welton colocou DVDs de monstros sagrados do brega pernambucano e demos boas risadas vendo produções rídiculas, com dançarinas previsíveis e péssimos cantores. Falamos sobre o brega e sua utilidade de desopilar o fígado e os pulmões. Esse brega pernambucano(dos cantores da zona norte do Recife) dá de dez a zero nessas duplas(ditas sertanejas que só fazem gritar). Welton morreu de rir quando eu disse que o remédio para as duplas sertanejas é uma espingarda de dois canos - com um tiro só a gente manda eles cantarem em outra freguesia. Essa excelente tirada não é minha, é na verdade de Lulu Santos. Quero daqui agradecer a Welton pela excelente prosa da noite final de 2009. Não precisava mais de que isso depois de ano tão atribulado. Valeu Welton, para o ano tem mais. Ah, sim - para o ano você será meu convidado. Vai ter de ir, queira ou não.....